domingo, 15 de abril de 2018

Votos nulos e em branco 'lideram' pesquisa Datafolha - Liderança de Lula comprova má qualidade dos candidatos. A culpa não é do povo


Faltando apenas seis meses para as eleições, dois dados da pesquisa do DataFolha divulgada neste domingo chamou a atenção: no cenário em que o ex-presidente Lula aparece na consulta, o condenado lidera, mesmo após ter sido preso pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.

É o tipo de notícia que entristece qualquer cidadão. Viver num país onde o candidato favorito da maioria da população está na prisão. Isto é um fato lamentável que reflete a péssima qualidade dos demais candidatos. A liderança de Lula traduz a falta de sintonia e de sensibilidade dos pré-candidatos elencados na pesquisa. Enquanto alguns tentam disputar extremos de uma minoria  preocupada com a possibilidade de ter seus celulares e carros roubados, outros partem para o radicalismo na defesa do criminoso condenado.

A mediocridade dos pré-candidatos no que diz respeito à sensibilidade de dialogar com a sociedade de forma razoável só não é maior que a do próprio Lula, que da cadeia, insiste em ser candidato.

O outro dado curioso da pesquisa é que o número de votos brancos e nulos é maior que o resultado obtido pelo líder das consultas, sem a presença de Lula na disputa. Enquanto o pré-candidato Jair Bolsonaro, do PSL, aparece com 17% de preferência do eleitorado, tecnicamente empatado com Marina Silva da Rede, a percentagem de  indecisos varia entre 23% e 24%. Os favoritos perdem para os indecisos.

O problema não está na população, mas na má qualidade dos pré-candidatos. Ninguém tem culpa se os campos políticos não terem conseguido identificar e projetar alguém com capacidade de se comunicar com todos os setores da sociedade, de oferecer propostas que alcancem os anseios da população como um todo.  Em um cenário, um criminoso lidera as pesquisas. Em outro, o número de indecisos é maior que os que declaram voto em qualquer um dos nomes. O problema não está no povo, mas sim nos pré-candidatos e no sistema que promove indivíduos comprometidos com propostas medíocres.

Isto é péssimo para o país e significa que qualquer eventual vencedor da eleição presidencial não possui neste momento respaldo da sociedade para governar o Brasil. Até certo ponto, a polarização política é saudável, sobretudo quando há a expectativa de alternância no poder, como ocorre na maior parte do mundo. O problema é que no Brasil é tudo junto e misturado. Por baixo dos panos, é claro. A esquerda colhe as consequências da roubalheira que patrocinou ao longo da última década, mas beneficiou partidos como o PP, MDB, PSDB e praticamente todas os pré-candidatos que agora se dizem 'diferentes', mesmo passando uma vida inteira em partidos como o PP e votando com o PT. Convencem alguns? Convencem. Mas o difícil é convencer a maioria. Marina Silva, também passou a vida enfurnada no PT e só saiu de lá quando Lula escolheu Dilma para sucedê-lo.

O eleitor mediano não possui discernimento sobre os métodos do meio político, que insiste na velha fórmula de dividir para conquistar. A estupidez não vem do povo, mas dos políticos e partidos que atuam para dividir o país de acordo com o momento político. Todo cidadão brasileiro é contribuinte desde antes de seu nascimento. O Estado não produz um cotonete e todo o dinheiro que arrecada provém dos impostos pagos pelo contribuinte, desde os mais ricos até o deficiente que pede moedinhas na esquina.

Cerca de metade de tudo que o cidadão ganha vai parar nos cofres públicos, na forma de impostos. Independente da orientação ideológica, grau de instrução ou região do país, todos os cidadãos são contribuintes que financiam a máquina pública e merecem respeito, atenção com suas reivindicações e necessidades mais urgentes. Um candidato à Presidência tem que se dirigir à nação como um todo, com propostas concretas, sem oba oba, firulas ou divisões mesquinhas e eleitoreiras. Este é o problema da maior parte dos atuais pré-candidatos que tentam iludir e angariar simpatia de eleitores de campos ideológicos opostos. O povo cai nesta velha pegadinha, mesmo sabendo que todos estiveram juntos no passado e podem se juntar de novo, logo após as eleições.