Idos de 2001, a estudante de psicologia Erika Santos encerrava um relacionamento conjugal de três anos com
Marcelo Azeredo, o presidente da Companhia Docas de São Paulo, indicado por Michel Temer.
A Companhia Docas é a encarregada da administração do maior porto do país, o porto de Santos.
Durante o período em que ficou casada com Azeredo, a jovem estudante obviamente desfrutou de um altíssimo
padrão de vida, o que fez com que, ao final da relação, exigisse uma pensão de 10 mil reais mensais.
Com a negativa de pagamento da polpuda pensão, a briga se transformou num litígio judicial, com Marcelo
alegando que não tinha condições de pagar uma pensão tão vultosa.
Erika, esperta, havia durante a relação, copiado inúmeros documentos do computador pessoal do marido, que
demonstravam cabalmente que Marcelo ganhava muito dinheiro e que ocultava a sua renda.
Essa briga de marido e mulher desencadeou os problemas que hoje afligem o presidente Michel Temer.
A fortuna que Azeredo mantinha escondida, era produto de corrupção e propina advinda de transações ilícitas
com empresas que mantinham relações comerciais com o Porto de Santos.
Michel Temer era o sócio de Azeredo.
Reportagem publicada nesta sexta-feira (15) pela Revista Crusoé, esclarece o caso:
"Era ali que começava o problema de Temer – um problema do qual
ele conseguiu se manter distante por anos, mas que voltou com
força com a Operação Lava Jato e, hoje, está no centro de um
inquérito em curso no Supremo Tribunal Federal que tem tirado a
sua tranquilidade, a pouco mais de seis meses do fim do mandato.
Os papéis incluíam registros de seis operações que, segundo Érika
sustentava perante o juiz, davam a Marcelo de Azeredo – e a seus
parceiros de empreitada — uma considerável renda. Todas as
transações envolviam supostas propinas cobradas de empresas
que mantinham relações comerciais com o Porto de Santos.
Integravam a lista de pagadores, por exemplo, o grupo Libra, que
tinha acabado de ganhar a concessão de dois terminais, e uma tal
de Rodrimar, pouco conhecida à época. As planilhas que Érika
encontrou nos computadores do ex detalhavam a divisão da
propina entre três beneficiários: MA era o próprio Marcelo de
Azeredo, MT era Michel Temer e L era um sujeito então identificado apenas como ‘Lima’. Na partilha, MT ficava sempre com 50% dos
pagamentos, MA com 25% e L com os 25% restantes. Só o Grupo
Libra teria repassado 1,2 milhão de reais, dos quais 640 mil teriam
ficado com Temer. Das empreiteiras encarregadas de construir os
terminais ferroviários e de grãos do porto, o trio teria recebido 3,1
milhões. Em outro negócio, envolvendo a empresa responsável
pela coleta de lixo no porto, a receita era mensal, segundo os
documentos: 26.750 reais para Temer e 13.130 reais para Lima e
Marcelo.”
Evidente que Temer negou qualquer envolvimento com o Azeredo.
Para tentar se manter incólume na falcatrua, a reportagem revela que Michel Temer convocou um amigo para
uma espinhosa missão. O jornalista José Amilcar Tavares Soares deveria ir ao encontro de Azeredo, pois Temer
não poderia se expor.
O jornalista foi ao encontro de Azeredo com a determinação de que este colocasse um ponto final no imbróglio
com a ex-mulher.
Azeredo abriu o jogo. Disse que Érika queria R$ 5 milhões para acabar com o processo.
'Tem que pagar', teria dito o emissário do atual presidente da República.
Érika recebeu a grana. O processo teve um fim e hoje ela vive tranquilamente em Paris.
Politicamente o caso foi abafado.
A ascensão de Temer à presidência trouxe tudo de volta.
Maldita ambição!
(Com Jornal da Cidade Online conteúdo)
(Com Jornal da Cidade Online conteúdo)