segunda-feira, 11 de junho de 2018

Mais dor de cabeça para políticos. Polícia Federal identificou 2.000 codinomes no sistema de propinas da Odebrecht


Um assunto que tirou o sono de muitos políticos há cerca de uma semana, mas vem recebendo pouco destaque por parte da imprensa, promete dar panos para mangas nos próximos meses. 

Trata-se da perícia feita pela Polícia Federal no sistema de informática usado pela construtora Odebrecht para registrar pagamento de propina e caixa dois. que identificou nada menos que 2.000 codinomes de beneficiários, incluindo agentes públicos.

Onze peritos do Setor Técnico-Científico da Superintendência da PF em Curitiba tem se debruçado na análise sobre os dois sistemas da construtora, Drousys e MyWebDay, o sistema do fim do mundo. Até o momento, os peritos já identificaram pagamentos relativos a mais de cem obras públicas em mais de dez países além do Brasil. Os pagamentos estão registrados em 1,9 milhão de arquivos com um total de 54 terabytes.

Não adianta fugir do assunto. Um balanço parcial já foi inclusive  apresentado pelos peritos Ricardo Hurtado e Rodrigo Lange em congresso organizado pela APCF (Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais), em Foz do Iguaçu (PR) na semana passada. 

Na ocasião, os peritos afirmaram que só tiveram acesso aos sistemas no final do ano passado. Até então, os dados estavam sob custódia da Procuradoria-Geral da República.

O que precipitou o acesso da PF ao sistema foi uma decisão provocada por petições da defesa do ex-presidente Lula, que queria ter acesso integral aos sistemas. Ao se pronunciar sobre o sigilo dos arquivos, o juiz Sergio Moro decidiu que a PF deveria periciar o material. O magistrado ordenou que os arquivos fossem periciados em uma "sala reservada, com mecanismos de segurança e controle de acesso", dada a gravidade das informações constantes no sistema.

Para a operação, a PF criou ambiente monitorado por circuito interno de vídeo, com porta blindada e barras de ferro nas janelas, no qual podem entrar apenas os peritos credenciados. Como os dados podem revelar centenas ou milhares de novas linhas de investigações, Moro solicitou que fosse entregue uma lista de autorizados a entrar na sala.

A perícia mostrou que os pagamentos eram feitos quase sempre em dinheiro após uma complexa rede de mensagens que envolvia 54 máquinas virtuais em pelo menos três países: Brasil, Suíça e Suécia.

Até o momento quatro laudos foram elaborados a pedido do STF sobre parlamentares com foro especial, em processos sob sigilo, e dois a pedido de Moro, em casos que envolvem Lula. 

Outros laudos estão sendo produzidos.