sábado, 4 de fevereiro de 2017

LULA TRANSFORMA VELÓRIO DE MARISA LETÍCIA EM ATO POLÍTICO E ATACA A LAVA JATO

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez neste sábado, 4, um discurso emocionado e chorou em vários momentos no fim do velório da ex-primeira-dama Marisa Letícia, na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, em São Bernardo do Campo. Ao se referir à investigação contra eles no âmbito da operação Lava Jato, da Polícia Federal, Lula se disse inocente e afirmou que ambos foram vítimas de injustiça. "“Marisa morreu triste porque a canalhice, a leviandade e a maldade que fizeram com ela... Quero provar que os facínoras que levantaram leviandades contra ela tenham um dia a humildade de pedir desculpas."

Ainda sobre a investigação, Lula afirmou que não tem medo de ser preso. "Se alguém tem medo de ser preso, este que está aqui, enterrando sua mulher hoje, não tem. Não tenho que provar que sou inocente. Eles que precisam dizer que a mentiras que estão contando são verdadeiras", afirmou.

Lula relembrou diversos momentos de seu casamento de mais de quatro décadas com Marisa Letícia, como quando se conheceram na sede do Sindicato, onde hoje acontece o velório. Segundo ele, nos tempos em que foi presidente da República (2003-2010), "Marisa nunca pediu um vestido, um anel". "Desde 1975 minha conta bancária é da Marisa. Nunca admiti que ela mendigasse nada para o marido." Além disso, Lula relembrou os nascimentos de seus filhos e se emocionou.

Antes da fala de Lula, lideranças religiosas se revezaram ao microfone. Em sua fala, o bispo Dom Angélico Sandalo Bernadino criticou as reformas trabalhista e previdenciária do governo de Michel Temer (PMDB). Ele chamou de "ameaça" a reforma trabalhista e fez um "alerta". "Atentem para que essas reformas sejam contra os pobres e os assalariados."

Ao longo do fia, ex-ministros petistas, deputados, dirigentes sindicais, governadores e uma multidão de simpatizantes participaram neste sábado, 4, do velório da ex-primeira-dama Marisa Letícia na quadra do Sindicato dos Metalúrgicos, em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo.

A fila para cumprimentar Lula deu a volta no quarteirão. De pé ao lado do caixão, que recebeu uma bandeira do PT e outra do Brasil, o ex-presidente abraçou um a um. Na coroa de flores enviada pelo próprio Lula, lia-se a mensagem: “Minha galega: agora o céu ganha a estrela que iluminou minha vida”. Após a chegada do corpo ao local pela manhã, o religioso Frei Betto fez uma oração para a família e os amigos próximos.

A presidente cassada Dilma Rousseff esteve no local no fim da manhã. Já o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o presidente, Michel Temer, e o ministro das Relações Exteriores, José Serra. visitaram Lula na quinta-feira, no Hospital Sírio Libanês, após o agravamento do quadro de Marisa Letícia, mas não compareceram ao velório. O governador Geraldo Alckmin (PSDB-SP) ligou para Lula – quando Thomaz, filho mais novo de Alckmin, morreu aos 31 anos em 2015, o ex-presidente também telefonou para prestar condolências.

Ao chegar ao sindicato, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) falou sobre o encontro entre Temer e Lula, o primeiro desde o impeachment de Dilma Rousseff, e rechaçou a possibilidade de abertura de diálogo entre eles. “É precipitado dizer que isso vai acarretar em um entendimento na política. Vamos bater duro na reforma da Previdência e consideramos Temer um presidente ilegítimo”, disse Farias.

Terminada a cerimônia, Lula e os familiares foram para o Cemitério das Colinas, também em São Bernardo do Campo, onde o corpo de Marisa será cremado. Durante todo o dia, a fila para o velório deu a volta no quarteirão do Sindicato que informou terem passado 20 mil pessoas pelo local.

Conteúdo Folha Polìtica