O depoimento histórico do ex-presidente do Grupo Odebrecht prestado ao jurista e
magistrado brasileiro, atual ministro do Superior Tribunal Eleitoral, Herman
Benjamim, nesta quarta-feria de cinzas, marcará para sempre a história da República.
O executivo foi impiedoso e não se furtou a revelar os detalhes sórdidos sobre a
relação espúria entre sua empresa e os governos petistas dos ex-presidentes Lula e
Dilma. Marcelo Odebrecht confirmou que repassou cerca de R$ 300 milhões para a
campanha da ex-presidente em 2014.
Ao ser perguntado se parte deste dinheiro havia sido feito através de doações legais,
Marcelo Odebrecht foi bastante taxativo:
Foi tudo caixa 2 confirmou o empreiteiro bastante seguro sobre o que estava
falando
Além dos repasses feitos os integrantes do PT, o empresário afirmou ainda que fez
pagamento ao publicitário João Santana, responsável pelas campanhas de Lula e
Dilma. Segundo o executivo, os valores repassados a Santana foram para quitar
dívidas de campanhas e giraram em torno de R$ 20 milhões e R$ 40 milhões relativos
a créditos de propina do PT com a empreiteira.
O executivo citou ainda um encontro que teve com a ex-presidente Dilma no México.
Na ocasião, Marcelo afirmou que alertou a petista de que os pagamentos feitos ao
marqueteiro João Santana estavam 'contaminados', uma vez que as offshores
utilizadas por empresários do grupo serviam para pagamento de propina.
Ao que tudo indica, Marcelo Odebrecht está disposto a levar adiante todas as
declarações e confissões constantes de seu acordo de delação premiada já
devidamente homologado pela presidente do Supremo Tribunal Federal, a ministra
Cármen Lúcia. A estratégia de Lula, Dilma e dos membros do PT, que procuram
lançar sombras sobre como funcionam de fato os acordos de delação está sendo
completamente demolida, na prática, por Marcelo Odebrecht.
No mundo real, os procuradores da República no Ministério Público Federal jamais
celebram acordos de delações se estes não estiverem ancorados por provas robustas e
substanciais que corroborem as confissões daqueles que pleiteiam obter benefícios
junto à Justiça, como redução de penas e multas.
Marcelo Odebrecht estaria colocando em risco seu precioso acordo de delação, caso
mencionasse qualquer coisa que não pudesse comprovar. O executivo confirmou que a
ex-presidente Dilma, orientada pelo ex-presidente Lula, comandava o esquema de
corrupção do governo federal com a empreiteira e indicava os interlocutores que
deveriam tratar diretamente com Marcelo Odebrecht sobre os detalhes técnicos
relativos aos repasses de propina para o PT. Para esta função, segundo o executivo,
Dilma escalou o ex-ministro Antonio Palocci, que foi posteriormente substituído pelo
também ex-ministro Guido Mantega, ambos petistas de alta patente.
Quando se trata de "detalhes técnicos", ninguém melhor que o próprio Marcelo
Odebrecht para esclarecer os meandros e os caminhos pelos quais circulavam valores
milionários oriundos de contratos superfaturados e outros benefícios colhidos por sua
empresa junto aos governos petistas. O executivo é nada menos que o criador do
departamento de operações estruturadas da empreiteira, uma espécie de sistema
através do qual ele mesmo gerenciava os repasses do propinas a políticos e partidos.
O ex-presidente Lula era um dos políticos que possuía uma "conta" neste
departamento. Seu saldo, segundo o executivo, era de R$ 23 milhões e quem cuidava
dos saques para o ex-presidente era o ex ministro Antonio Palocci. A descoberta da
Polícia Federal sobre o departamento de operações estruturadas da Odebrecht foi um
dos fatores que precipitaram o executivo a dar início as tratativas de seu acordo de
delação em meados do ano passado.
Como controlador Master do sistema, Marcelo tem o controle, as senhas e as provas
de tudo que afirmou em seu depoimento ao ministro Herman Benjamim na tarde
desta quarta-feira sobre Dilma, Lula e demais membros do PT.
fonte: Imprensa Viva