sábado, 3 de junho de 2017

A NOSSA MORAL E A DELES

Nós queremos bandido na cadeia. Eles querem bandido na Presidência
(...) Entre seres humanos normais, não contaminados pelo vírus da ideologia esquerdista, é assim: você aprende com a experiência e tenta não repetir os mesmos erros no futuro.
A cabeça do militante, porém, não funciona do mesmo modo. A realidade, para ele, é sempre algo que está a serviço da ideologia partidária. Não por acaso, a palavra "mentira" tem a mesma raiz da palavra "mente". O mentiroso existencial acha que o produto da sua mente é superior à própria realidade.
(...) O cidadão comum, ao notar que o político apoiado por ele na verdade era um pilantra, sente-se traído e deseja que o cara vá para o xilindró. O militante ideológico, quando descobre que o seu líder na verdade é um bandido, revolta-se contra a realidade. Quer punir o juiz, o policial, o jornalista, qualquer um que tenha descortinado a verdade, menos o criminoso. Pelo contrário: o militante quer que o bandido seja presidente!
A pessoa normal aceita a realidade. O militante revolta-se contra ela. Isso tem um nome técnico: gnosticismo.
Para os gnósticos modernos, carpideiras de bandidos, é perfeitamente normal ao mesmo tempo festejar a soltura de José Dirceu e defender a prisão de Sergio Moro. Eles não se arrependem de nada, nunca. E, como não se arrependem, são incapazes de perdoar os erros alheios. Reconhecer os próprios erros e limitações é uma das qualidades que nos tornam humanos. Sem isso, a autoconsciência é substituída pelo autoengano. Assim é o mundo dos militantes: um mundo sem perdão, o campo de extermínio da personalidade humana.
(...) Não foi por outra razão que os grandes genocídios modernos — o comunismo e o nazismo — se fundamentaram na total impossibilidade do perdão.
(...)
Já fiz muitas coisas erradas nesta vida. Votei no Lula, acreditei no Aécio, defendi o aborto, fui comunista, fui sindicalista, fui ateu. Usei esses erros todos para tentar melhorar. Não sei se consegui, mas de uma coisa tenho certeza: jamais terei bandidos de estimação só para confirmar minhas pobres ideias.
PAULO BRIGUET