segunda-feira, 28 de maio de 2018

General Mourão critica defensores da intervenção militar e diz que a greve está tornando a população refém


O general da reserva Antônio Mourão chamou a atenção para a irresponsabilidade dos movimentos de caminhoneiros grevistas e a falta de sensibilidade dos entusiastas da intervenção militar diante do momento delicado na vida do país.

Mourão afirmou em entrevista à Folha neste domingo que a população não pode se tornar refém da greve dos caminhoneiros e que não concorda com uma ação militar contra o governo federal para encerrar a crise política. 

Indagado se há “aproveitadores” pedindo uma ação das Forças Armadas contra o governo, o general disse que sim, “dos dois lados”.

“Tem gente que quer as Forças Armadas incendiando tudo. E a coisa não pode ser assim, não pode ser desse jeito. Não concordo. 

Soluções dessa natureza a gente sabe como começam e não sabe como terminam”, disse o militar.

“A minha visão é o país. O Brasil não pode se rachar ao meio, ser destruído.” “Eu não defendo que o país entre no caos. O país não pode entrar no caos. Não podemos aceitar o caos. Vai ser prejudicial para todos. A partir do momento em que começar o caos, aí entra a violência. E não sabemos como vai terminar isso. Tem que garantir os serviços essenciais. Você [greve] está tornando a população refém. Tem pessoas com filhos em colégios que amanhã não sabem se vão para a escola. É uma situação muito ruim”, disse Mourão.

O militar chamou de “vergonhosa” a atuação de grupos políticos que tentam se aproveitar do caos instalado no país e disse que existem aproveitadores oportunistas dos dois lados, e chama a atenção para convocação feita pela FUP (Federação Única dos Petroleiros) para uma greve de 72 horas nas refinarias de petróleo nesta quarta-feira (30).

“O que se vê são aproveitadores dos dois lados. Essa questão dos petroleiros é vergonhosa. É a cabeça do sindicato que não representa a pessoa que está suando lá diariamente. Queda do preço da gasolina? Não é assim. Precisamos analisar as coisas”, disse o general.