sexta-feira, 15 de setembro de 2017

CONHEÇA A PROCURADORA QUE REVELOU O LADO CAVALHEIRO DO JUIZ MORO

Após ser chamada ao menos cinco vezes de “querida” pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, durante seu depoimento na quarta-feira (13) como réu ao juiz Sérgio Moro, a Procuradora da República Isabel Cristina Groba Vieira se incomodou com a forma como estava sendo tratada durante grande parte da audiência. Por isso, pediu para ser chamada “pelo tratamento protocolar devido”. 

O termo “querida” foi o mesmo usado para falar com a ex-presidente Dilma Rousseff no áudio que foi divulgado por Moro em março de 2016 . Na época do impeachment de Dilma, a frase “Tchau, querida”, dita por Lula ao final da conversa telefônica com a ex-presidente, inclusive foi usada em protestos contra o governo e pela oposição durante a abertura do processo no Congresso.

No episódio de quarta-feira, após o pedido da procuradora, o juiz Moro disse a Lula:
— Sei que evidentemente o senhor ex-presidente não tem nenhuma intenção negativa em utilizar esse termo “querida”, mas peço que não utilize. Pode chamar de doutora, senhora procuradora, perfeito?

A procuradora é membro do Ministério Público Federal desde 1996, com atuação principal na área de tutela do Patrimônio Público. Possui graduação em Direito pela Universidade de Brasília (1984), com especialização em Direito do Estado na referida instituição. Ela que ganhou notoriedade por integrar a força-tarefa do MPF na Operação Lava Jato, em Curitiba.

Isabel também já foi auditora do Tribunal de Contas da União (TCU), onde trabalhou por nove anos.
Em abril de 2015, participou do acordo com a Suíça negociado pelo Ministério da Justiça e pela Secretaria de Cooperação Internacional da Procuradoria Geral da República em razão de bloqueio de valores por crimes apurados na Operação Anaconda e em outras ações penais pela prática de crimes contra a administração pública.

Em 1º de junho de 2016, Isabel juntamente com os demais procuradores da força-tarefa foram premiados na sede da Justiça Federal, durante a abertura do 1.º Fórum Nacional de Administração e Gestão Estratégica da Justiça Federal (Fonage), o Prêmio Ajufe: Boas Práticas de Gestão para a Eficiência da Justiça Federal.

Em 24 de setembro de 2015, Isabel foi uma das procuradoras premiada pelo Global Investigations Review (GIR).
O GIR é um portal de notícias consolidado no cenário internacional como um dos principais canais sobre investigações contra a corrupção e instituiu o prêmio para celebrar os investigadores e as práticas de combate à corrupção e compliance que mais impressionaram no ano anterior. Em seis categorias, foram reconhecidas práticas investigatórias respeitadas e admiradas em todo o mundo. 

A força-tarefa concorreu com investigações famosas como a do caso de corrupção na Fifa. Os países que disputaram o prêmio com o Brasil foram Estados Unidos, Noruega, Reino Unido e Romênia.

Diálogo
Após o pedido do juiz, o ex-presidente passou a se referir a Isabel Vieira apenas como “doutora”, como no diálogo abaixo:

Procuradora – “O senhor Alexandrino Alencar relatou aqui em juízo que o grupo Odebrecht continuou procurando imóveis para o Instituto Lula depois da visita feita em julho de 2011 ao imóvel da Rua Dr. Haberbeck. Foi inclusive apresentado um projeto feito pela Odebrecht para a reforma do atual prédio do Instituto Lula, aquela sede localizada no Ipiranga. O senhor teve conhecimento disso?”

Lula – “Eu não tenho conhecimento, doutora, e acho que é mentira. Porque depois que nós fomos ver e achamos inadequado fomos à prefeitura de São Paulo falar com o prefeito [Gilberto] Kassab que aceitou mandar um projeto
de lei pra Câmara de Vereadores doando um terreno na Cracolândia para que nós fizéssemos o instituto.”